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A atribulada subida até Machu Picchu



Em 2018, quando demos a volta ao mundo, ao passar pelo Perú decidimos obviamente ir a Matchu Picchu, uma das sete maravilhas do mundo.

Mais, consegui (Pedro) convencer a Rita e os miúdos a fazermos o Inka Jungle Trail. Uma maravilha. Rafting, trecking, bicicleta, slide… tinha tudo o que uma boa aventura devia ter. Três dias.

Claro que decidi procurar online quem organizava este tipo de “passeatas” e consegui.


Comprámos um pacote, que incluía, para além das tais atividades ao longo do Inka Jungle Trail, a subida e descida a Matchu Picchu. Fantástico.

Por recomendação de uns amigos, decidimos ir para Cusco um dia antes, de forma a adaptarmos o nosso corpo à altitude. E assim foi, chegámos num dia de manhã e saímos para a nossa aventura no dia seguinte.



No próprio dia em que chegámos, fomos até à agência para ouvir o briefing da atividade que íamos ter. E aí é que as coisas começaram a correr menos bem.

Sem sabermos, tinham cancelado o nosso programa. “Mas temos outro igualmente fantástico que faz basicamente o mesmo percurso”. Sem sabermos muito deste plano B, tínhamos de decidir. E o que podes fazer? Podes virar as costas e não vais a Matchu Picchu (na véspera à noite já não conseguiríamos fazer nada) ou aceitas o plano B que te oferecem, porque estamos a falar do outro lado do globo e de uma das 7 maravilhas do mundo.


Para além disto tudo, esqueceram-se de nos dizer que este plano B implicava fazer cerca de 20km por dia a pé pelo Inka Jungle Trail. Sim, leste bem, a pé. Ainda bem que perguntei na agência, em Cusco, se a atividade era recomendada para duas crianças, uma de 12 e outra de 15 anos. Bem, o plano B estava feito para gente magnífica, super aventureira, que viaja por esse mundo fora à procura de experiências maravilhosas e que incluem andar MUITO. Pensámos, não vamos morrer. Somos jovens. Bora lá. Hoje não nos arrependemos nem uma vírgula, mas, na altura, foi muito desafiante. Muito mesmo.



O primeiro dia foi todo passado na floresta. Quando nos reencontrámos com o nosso meio de transporte, já era noite escura… escura mesmo (notem que a floresta não é iluminada). Por sorte, tínhamos levado telemóvel e, consequentemente, lanterna.

Não estávamos nada preparados para tamanho desafio. Só me lembro da minha mulher dizer aos miúdos “meninos, mãos na parede e vamos muito devagarinho”, isto num caminho de terra, muito íngreme, em que, de um lado, tínhamos a montanha e, do outro lado, sem qualquer proteção, um penhasco inacreditável, que desembocava no rio. Ainda hoje, a Rita diz que aquilo não pode ser legal para crianças.

“Sobrevivemos” ao primeiro dia. Acabou por ser muito divertido (porque sobrevivemos, claro). Fomos recebidos no hostel de forma muito simpática, com cocktails e tudo (sem álcool para os miúdos, claro).



No segundo dia, qual caminheiros, lá fomos nós novamente a pé. O que o comum dos mortais faz de comboio, cerca de 10km para cada lado, e de autocarro (a pé são cerca de 500 metros de desnível em escadas), nós fizemos a pé e em ritmo acelerado! Acontece que a Mariana começou a sentir-se mal. Não sabemos o motivo. Penso que pela altitude e pelo calor. Mas certo é que foi ficando sem ar e acabou a chorar, dizendo que não conseguia andar mais. Isto a meio do caminho do comboio. Vendo a situação muito complicada, fui falar com o guia, que não estava a facilitar arranjar uma alternativa.



Depois de muita conversa, e de termos dito que iríamos voltar para trás, o impossível passou a possível e lá nos separamos do grupo. Fomos a pé (10m) até Aguas Calientes, local onde o normal ser humano apanha o autocarro para subir até Matchu Picchu. Toda a experiência já tinha sido paga, pelo que não levávamos quase dinheiro nenhum. Tivemos a sorte do dinheiro que tínhamos dar exatamente para 4 bilhetes de ida apenas! Tínhamos que regressar a pé. Mas isso era tema para resolver depois.

Bem, após filas e esperas, lá entramos no autocarro e fizemos a subida pacificamente. Um alívio enquanto pais, que desse momento em diante vimos uma Mariana muito diferente, alegre, bem disposta e a desfrutar de um dos cenários mais fantásticos que alguma vez vimos.


Em suma, por muito que planeies, os imprevistos acontecem e temos de estar preparados para eles. Mas vamos relativizar, porque também fazem parte da experiência e, confesso, não seria o mesmo sem eles.



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